Carioca do Méier, nasceu Milton Viola Fernandes, tendo sido registrado, graças a uma caligrafia duvidosa, como Millôr, o que veio a saber adolescente. Aos dez anos de idade vendeu o primeiro desenho para a publicação O Jornal do Rio de Janeiro. Recebeu dez mil réis por ele. Em 1938 começou a trabalhar como repaginador, factótum e contínuo no semanário O Cruzeiro. No mesmo ano ganhou um concurso de contos na revista A Cigarra (sob o pseudônimo de “Notlim”). Assumiu a direção da publicação algum tempo depois, onde também publicou a seção “Poste Escrito”, agora assinada por “Vão Gogo”.
Em 1941 voltou a colaborar com a revista O Cruzeiro, continuando a assinar como “Vão Gogo” na coluna “Pif-Paf”, o fazendo por 18 anos. A partir daí passou a conciliar as profissões de escritor, tradutor (autodidata) e autor de teatro.
Já em 1956 dividiu a primeira colocação na Exposição Internacional do Museu da Caricatura de Buenos Aires com o desenhista norte-americano Saul Steinberg. Em 1957, ganhou uma exposição individual de suas obras no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Dispensou o pseudônimo “Vão Gogo” em 1962, passando a assinar “Millôr” em seus textos n’O Cruzeiro. Deixou a revista no ano seguinte, por conta da polêmica causada com a publicação de A Verdadeira História do Paraíso, considerada ofensiva pela Igreja Católica.
Em 1964 passou a colaborar com o jornal português Diário Popular e obteve o segundo prêmio do Salão Canadense de Humor. Em 1968 começou a trabalhar na revista Veja, e em 1969 tornou-se um dos fundadores do jornal O Pasquim.
Nos anos seguintes escreveu peças de teatro, textos de humor e poesia, além de voltar a expor no Museu de Arte Moderna do Rio. Traduziu, do inglês e do francês, várias obras, principalmente peças de teatro, entre estas, clássicos de Sófocles, Shakespeare, Molière, Brecht e Tennessee Williams.
Depois de colaborar com os principais jornais brasileiros, retornou à Veja em setembro de 2004, deixando a revista em 2009 devido a um desentendimento acerca da digitalização de seus antigos textos, publicados sem autorização no acervo on-line da publicação.
Obras
Prosa
- Eva sem costela – Um livro em defesa do homem (sob o pseudônimo de Adão Júnior) – 1946 – Editora O Cruzeiro.
- Tempo e contratempo (sob o pseudônimo de Emmanuel Vão Gogô) – 1949 – Editora O Cruzeiro.
- Lições de um ignorante – 1963 – J. Álvaro Editor
- Fábulas Fabulosas – 1964 – J. Álvaro Editor. Edição revista e ilustrada – 1973 – Nórdica
- Esta é a verdadeira história do Paraíso – 1972 – Livraria Francisco Alves
- Trinta anos de mim mesmo – 1972 – Nórdica
- Livro vermelho dos pensamentos de Millôr – 1973 – Nórdica. Edição revista e ampliada: Senac – 2000.
- Compozissõis imfãtis – 1975 – Nórdica
- Livro branco do humor – 1975 – Nórdica
- Devora-me ou te decifro – 1976 – L&PM
- Millôr no Pasquim – 1977 – Nórdica
- Reflexões sem dor – 1977 – Edibolso
- Novas fábulas fabulosas – 1978 – Nórdica
- Que país é este? – 1978 – Nórdica
- Millôr Fernandes – Literatura comentada. Organização de Maria Célia Paulillo – 1980 Abril Educação
- Todo homem é minha caça – 1981 – Nórdica
- Diário da Nova República – 1985 – L&PM
- Eros uma vez – 1987 – Nórdica – Ilustrações de Nani
- Diário da Nova República, v. 2 – 1988 – L&PM
- Diário da Nova República, v. 3 – 1988 – L&PM
- The cow went to the swamp ou A vaca foi pro brejo – 1988 – Record
- Humor nos tempos do Collor (com L. F. Veríssimo e Jô Soares) – 1992 – L&PM
- Millôr definitivo – A bíblia do caos – 1994 – L&PM
- Amostra bem-humorada – 1997 – Ediouro – Seleção de textos de Maura Sardinha
- Tempo e contratempo (2ª edição) – Millôr revisita Vão Gogô – 1998 – Beca.
- Crítica da razão impura ou O primado da ignorância – Sobre Brejal dos Guajas, de José
- Sarney, e Dependência e Desenvolvimento na América Latina, de Fernando Henrique
- Cardoso – 2002 – L&PM
- 100 Fábulas Fabulosas – 2003 – Record
- Apresentações – 2004 – Record.
- Novas Fábulas E Contos Fabulosos (ilustrações de Angelisa) – 2007 – Desidratada.
Poesia
- Papaverum Millôr – 1967 – Prelo. Edição revista e ilustrada: 1974 – Nórdica
- Hai-kais – 1968 – Senzala
- Poemas – 1984 – L&PM
Teatro (em livro)
- Teatro de Millôr Fernandes (inclui Uma mulher em três atos 1953, Do tamanho de um defunto 1955, Bonito como um deus 1955 e A gaivota 1959) – 1957 – Civilização Brasileira
- Um elefante no caos ou Jornal do Brasil ou, sobretudo, Por que me ufano do meu país – 1962 – Editora do Autor
- Pigmaleoa – 1965 – Brasiliense
- Computa, computador, computa – 1972 – Nórdica
- É… – 1977 – L&PM
- A história é uma istória – 1978 – L&PM
- O homem do princípio ao fim – 1982 – L&PM
- Os órfãos de Jânio – 1979 – L&PM
- Duas tábuas e uma paixão – 1982 – L&PM (nunca encenada)
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